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in reply to Lori

molhou o bico, agora vai ter que explicar tudinho, tintin por tintin
in reply to Nelson Sant'Ana

@nelsonsantana mas é CLARO q eu explico. só vou comer e volto com PALAVRAS, muitas palavras, um excesso de palavras.
in reply to Lori

@ivanjeronimo

Gostaria da explicação.

Adiantando a opinião leiga: acho que o que incomoda não é a referência, mas o "colar na fórmula do sucesso". Sendo eu auditivo, percebo isso mais na música. Não é mais uma transformação, releitura, influência, só cópia mesmo, produção netflix.

in reply to Lori

então, vou explicar. o ser humano aprende a fruir a arte.

eu ACHO q isso se aplica a todas as expressões de arte, mas eu vou explicar com foco no cinema pq foi o q eu estudei especificamente e é uma mídia jovem (tem um pouco mais de um século) então a gente pode traçar a evolução desse aprendizado com clareza e registros históricos.

in reply to Lori

a princípio o cinema era uma "curiosidade". as imagens projetadas numa velocidade acima de 5 frames por segundo darem uma impressão de movimento e etc. existiam até várias maneiras diferentes de criar essa "ilusão de movimento". um dia a gente pode conversar sobre elas. mas era coisa de segundos. as pessoas iam lá num evento "Vaudeville" e esses eventos eram caracterizados por vários artistas se apresentando, uns cantavam, uns dançavam, uma coisa meio "se vira nos 30" e nesses eventos tinha tipo uma barraca com algum desses mecanismos de "cinema" (de cinemático, de movimento) q as pessoas iam ver um cavalo correndo ou qualquer coisa, uns 30 segundos, e ficavam abismadas. pq era muito diferente. muito mágico.
in reply to Lori

tipo Geocities 1998 com os GIFs animados. coisa rápida. coisa simples. mas muito fascinante.
in reply to Lori

aí tinham esses irmãos. os Lumiere. eles entendiam do riscado de fotografia, de filme fotográfico. e eles invetaram uma máquina chamada de cinematógrafo e também a máquina de projeção. então eles começaram a divulgar q era possível criar essas "imagens em movimento" da própria vida real, vc podia filmar qualquer coisa. e também exibir várias vezes. então eles filmavam assim:
o trem chegando na estação.
o lanche do bebê.

q eu lembro agora são esses, mas se vc procurar vc vai ver q os "filmes" dos Lumiere são coisas assim. triviais. do dia a dia. o incrível era conseguir registrar e rever esses momentos projetados.

in reply to Lori

aí tinha esse cara chamado Méliès. artista, né? ele viu esse cinematógrafo e falou "EU VOU FAZER UNS NEGÓCIOS BEM DOIDO BONITO DEMAIS COM ISSO AÍ"

só q os irmãos Lumiere falaram "ah mas não vai mesmo, vc respeita meu cinematografo q ele é pra ser usado com SERIEDADE" e simplesmente não venderam o cinematografo pra ele.

só q artista é artista. ele deu os pulo dele. arrumou outro cara pra fazer um cinematógrafo pra ele. depois ele foi alterando, inventando coisa. e aí ele fazia os filmes mais lindos. bem artísticos. bem criativos. maravilhosos. (ele inventou quase tudo de bonito q a gente tem no cinema)

in reply to Lori

eu achei q eu ia conseguir chegar no meu ponto rápido e estou presa no final do século XIX aproximadamente.

eu engano a mim mesma.

in reply to Lori

onde q eu tava?

sim. o negócio de filmar e projetar o filme foi pegando embalo. e aí ele foi saindo desses eventos pontuais e se tornando um "entretenimento" mais popular. assim surgiram os Nickelodeons

(aaaaahhhh APOSTO Q VC NÃO SABIA Q NICKELODEON ERA OUTRA COISA ANTES DE SER A NICKELODEON Q VC CONHECE)

in reply to Lori

Nickelodeons eram as primeiras salas de cinema. inclusive os empresários q eram donos dessas salas vcs conhecem o nome deles todos. mas eu não vou dar spoilers. tinham essas salas. q chamavam Nickelodeons pq a entrava custava um níquel (5 centavos). e nessas salas tinha exibição de filmes (q na época eram BEM MAIS CURTOS).

então assim, cada sessão era um filme diferente. pra agradar o público que ia em cada horário.

in reply to Lori

só que não existia um mercado de distribuição de filmes, né? então o q q o pessoal fazia? "ah andam falando em tal cidade q o filme do Frankenstein é muito bom" aí o dono daquela rede de Nickelodeons ia lá e mandava fazer um Frankenstein pra exibir. as películas iam gastando e estragando eles iam lá e filmava outro parecido. dessa época tem um monte de filme repetido, um monte de Joana Darc diferente. um monte de coisa se perdeu.

acho q eu botei o carro na frente dos bois. talvez eu tenha q voltar no tempo.

in reply to Lori

teve um momento q um cara, q eu não vou falar o nome pq ele não merece, criou um filme diferente. eu vou falar o nome do filme caso alguém queira se aprofundar mas tbm não merecia: The birth of a nation.

pq q não merece? pq o cara era racista.

pq q o filme não merece? pq é um filme q os heróis são a ku klux klan.

só q eu tenho q falar disso. pq esse cara foi o primeiro cara a criar uma narrativa cinematográfica. ele foi a primeira pessoa a entender q certas técnicas de filmagem e edição encaminhavam o espectador a sentir emoções. então nessa parte técnica a maior parte dos diretores q foram importantes no desenvolvimento do cinema posteriormente aprenderam com ele. mas aí hj em dia a gente larga ele ali no cantinho só pra constar pq, né? não vale a pena. cada vez vale menos a pena.

in reply to Lori

voltando. os Nickelodeons faziam cada um sua versão do filme. e ficando cada vez mais ricos. aí a coisa foi se organizando, se tornando uma indústria de fato. e aí esses mesmos donos dos Nickelodeons se tornaram os donos dos estúdios.

eu disse q vcs sabiam os nomes deles mas eu só tô lembrando dos Metro-Goldwyn-Mayer. MGM. mas os nomes de estúdios dessa época eram tudo os nomes dos donos dos cinemas.

in reply to Lori

eu desviei completamente do assunto original. 😁

agora eu não lembro mais o q eu ia falar.

in reply to Lori

continua a história que tá ótima, não fui hiperfocar ainda por isso!
in reply to Lori

é mentira. eu não desviei. pq tudo tá interconectado. mas eu não tô sabendo simplificar.

começam os estúdios. lembra q até aí ainda era cinema mudo. é q agora o negócio faz assim BUM💥 e se ramifica pra vários lados. mas ao mesmo tempo agora todo mundo vai meio q assistir os mesmos filmes.

mas repara também que tem uma evolução tecnológica bem rápida. as câmeras vão melhorando, as películas melhorando, as projeções melhorando, e as técnicas vão sendo refinadas.

in reply to Lori

o fato é que cada inovação (principalmente técnica e narrativa*) o espectador vai primeiro ficar EM CHOQUE. depois ele vai se acostumar. e depois ela vai ser repetida, até se tornar meio que um acordo entre o espectador e os filmes.

os gêneros cinematográficos são isso. um acordo. o espectador tanto pode escolher assistir um filme por saber q ele é de um gênero que lhe agrada, quanto identificar o q esperar de um filme nos primeiros minutos pq ele vai ter aqueles clichês de gênero identificáveis. pode ser um movimento de câmera, um enquadramento, uma trilha, uma iluminação. cada um desses aspectos vão entrando na biblioteca mental dos espectadores e funcionando para comunicar mais coisas e construir narrativas mais complexas sem aumentar muito o tempo do filme.

in reply to Lori

e até hoje isso acontece. nunca para de acontecer. mas quando tem uma transição por exemplo do cinema mudo para o cinema falado primeiro os espectadores se assustam, ficam impressionados, acham meio difícil de entender. aí eles aprendem. e aí o cinema sem falas se torna desinteressante.

a mesma coisa vai acontecer quando começa o cinema colorido. um impacto. um exagero. e aí o espectador aprende e se acostuma e perde aquela fascinação inicial e já espera aquela explosão de cores SEMPRE.

em coisas bem definidas como falas ou cores é fácil de perceber isso. mas isso tbm vai acontecer com coisas bem mais sutis.

in reply to Lori

engraçado isso pq não lembro desse oooohhh todo em volta do cinema 3D
in reply to Lori

é até difícil pro espectador comum imaginar o q é esse momento de transição geralmente pq ele só vai saber se ele tava lá. vou dar um exemplo "recente" o Memento (2000) do Nolan.

qdo esse filme saiu o pessoal saía do cinema assim "QUE?"

pq ele fez uma inovação narrativa. ele contou a história de um jeito q não era contada antes. então quem naquele ano entrou no cinema e viu aquele filme A CABEÇA EXPLODIU. pq era novo. era diferente. era difícil de entender.

mas aí a gente aprende. e vários filmes usam o mesmo recurso depois. e vai perdendo esse efeito de impressionar. aí quem vem depois, quem já chega com essa bagagem e essa compreensão fica assim "vcs são jacu? não vi nada demais".

in reply to Lori

o Nolan flertou com uma nova forma de narrativa em Inception (2010). ele foi lá e "VOU ENFIAR UMA NARRATIVA DENTRO DE OUTRA NARRATIVA DENTRO DE OUTRA NARRATIVA JEJEHEHEJ DENTRO DE OUTRA O PESSOAL VAI ENDOIDAR"

e foi bem maneiro mas a gente não endoidou pq a gente já tava craque de entender o vai e vem da narrativa. aí o impacto foi bem menor.

in reply to Lori

toda vez q eu falo "narrativa" eu lembro q cês detestam a palavra "narrativa" mas assim eu não posso fazer muito pq o nome é narrativa mesmo. hehehehhehehej
in reply to Lori

ah, outro filme q virou referência e inovou e na hora ficou todo doido, mas hj em dia é comum: Onde os fracos não tem vez (No country for old man - 2007)

não tem trilha sonora. o fato de não ter deixa o filme mais tenso.

tem milhões de exemplos dessas inovações, o filme q inova entra no hall de CLÁSSICOS. IMPERDÍVEIS. e as estratégias são repetidas ad infinitum enquanto existir cinema alguém pode usar daquela técnica pra passar uma ideia/mensagem/sentimento.

in reply to Lori

então o cinema é uma arte que constrói em cima de si mesma. ninguém inventa um filme no éter. no nada. um filme é o resultado de todos os filmes que vieram antes e mais um pouquinho (se for um bom filme).

qualquer pouquinho q for adicionado já dá um status pro filme.

in reply to Lori

um exercício mental interessante é: se a gente entrar na TARDIS e ir lá nos anos 70 buscar alguém. pode ser alguém craque de cinema. sei lá. vamo buscar o Hitchcock. e levar ele pra assistir um filme atual.

primeiro q ele vai endoidar do tanto q tudo vai ser impressionante.

segundo q talvez ele nem entenda a história. hehehehhee pq ele não vai ter a bagagem necessária pra compreender os acordos de gênero e as estratégias de edição e narrativa.

in reply to Lori

e agora pensando nisso é q me veio a ideia de q talvez seja algo nessa linha q está acontecendo com os jovens. seja falta de bagagem, seja pq eles já alcançaram uma compreensão de narrativas diferentes (por causa dos vídeos curtos em loop) eles acham chato demais assistir filme.

ESSA FOI MINHA TED TALK

OBRIGADA

*aplausos*

in reply to Lori

o que me leva a pensar que a geração que virá vai achar o máximo existir filmes com 90 min de duração
in reply to Fã do Vegeta

@Bruiserzinha ou 3 minutos. não dá pra saber. 😛

(as novelinhas do kwai não me deixam mentir)

in reply to Lori

minina minha mãe adora essas porra kkkkkkk são terríveis!
in reply to Lori

here's the unrolled thread: mastoreader.io?url=https%3A%2F…

Next time, kindly set the visibility to 'Mentioned people only' and mention only me (@mastoreaderio). This ensures we avoid spamming others' timelines and threads unless you intend for others to see the unrolled thread link as well.

Thank you!

in reply to Lori

Hitchcock assistindo Mean Girls. Quero essa fanfic na minha mesa imediatamente!!!
in reply to Fã do Vegeta

@Bruiserzinha eu sempre fico viajando nessa parada de se mostrassem um filme atual pra alguém das antiga, o qq falariam? Hahah
in reply to Pancho

@pancho @Bruiserzinha eu viajo MUITO tbm. eu gosto de imaginar levando um diretor foda pra assistir um negócio tipo Avengers. eles iam AMAR.
in reply to Lori

@Bruiserzinha e eu fico pensando q ia estragar a pessoa hahaha nunca mais ia conseguir a voltar a fazer, sei lá, filme mudo em PB HAHAHAHAHA ia ter q apagar a memória da pobi antes de soltar de volta na sua linha temporal
in reply to Pancho

@pancho @Bruiserzinha por isso que pra viajar no tempo tem q ir sempre pro futuro. 😛
in reply to Lori

@pancho e voltar com informação privilegiada e foder com aquela linha do tempo kkkkkkk
in reply to Fã do Vegeta

@Bruiserzinha e a gente tendo essa conversa pq do de volta pro futuro, até o loki, esses tropes já ficaram bem estabelecidos na cultura pop hahaha ó o exemplo, @lorimeyers
Essa entrada foi editada (1 dia atrás)
in reply to Pancho

@pancho o primeiro cérebro que pensou essa linha de pensamento alugando um tripec nos cérebros humanos em escala global
in reply to Fã do Vegeta

@Bruiserzinha @pancho num foi o Einstein? hehehehehehheh eu briguei na internet já por causa disso
in reply to Lori

@pancho amo brigas por viagem no tempo, algo que jamais vai acontecer pq o passado não existe mais e o futuro não existe ainda 😌
in reply to Fã do Vegeta

@Bruiserzinha @pancho MAS É CLARO Q EXISTE BRUNA ISER

a gente tá viajando no tempo nesse exato momento o tempo todo

in reply to Lori

@pancho ao mesmo tempo em que os segundos passados não existem mais, sim 😌
in reply to Lori

No nosso nível de percepção, o que não existe com certeza, é o presente.

Quando tomamos conhecimento dele, já é passado…

(Se até a luz demora tempo mensurável para ir de um ponto a outro, o som ainda mais lento e até os impulsos nervosos são bem lentinhos, quando o cérebro percebe e entende, tudo está sempre no passado.)

Só existe o presente, se você o definir como um espaço de tempo maior, de alguns minutos, talvez… mas se for simplesmente “agora”, já passou antes de você começar a pensar a palavra “agora”…

😅

Essa entrada foi editada (1 dia atrás)
in reply to Lori

não satisfeito, foi lá e meteu o TENET com narrativa de trás pra frente, de frente pra trás, tudo ao mesmo tempo hahaha
in reply to Lori

isso me lembrou de un cara que viu Matrix em 2021 e falou que "não era nada demais, só um filme clichê" e eu ri bem
in reply to Lori

Da homogeneização dos cartazes de filmes de terror que mostram um olho arregalado em close 😀
in reply to Lori

Interessante como o cinema era uma arte meio circense, onde as ideias não tinham dono.
in reply to Ivan Jerônimo

era muito. depois ficou uma coisa bem elaborada, mas ainda bem pequena.
in reply to Lori

lembrei tbm de uma curiosidade que eu acho engraçada. Nessas rixas entre pioneiros do (que veio a ser o) cinema, quando o Muy Bridge desenvolveu as experiências dele de "decomposição de movimento" teve uma galera falando q era um ABSURSO todo aquele "exércio inútil" pq se quisessem observar animais se mexendo, era só ir na natureza! Haha

(Pra quem não conhece, o Muy Bridge desenvolveu uma técnica inovadora de capturar o movimento de um cavalo pq dois caras tavam brigando se o cavalo tirava as 4 patas do chão ou não.)

As vezes tem só que ignorar os haters mesmo hehehe

Lori reshared this.

in reply to Lori

Adorei. Me suscitou uma ideia absurda, que vou tirar um tempo para pensar.

Imaginei você como uma ruiva com um cigarro numa mão, e a todo momento tomando um gole numa latinha de energético, falando apressadamente e se perdendo e retomando os pontos.

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